30 janeiro, 2010

Origem dos Canídeos




Se admitirmos que as origens da Terra remontam, aproximadamente, a 4,5 biliões de anos, as origens dos primeiros mamíferos (100 milhões de anos), a dos primeiros canídeos (50 milhões de anos) e, seguidamente, as dos primeiros hominídeos (3 milhões de anos) afiguram-se extremamente recentes. 


Com efeito, se compararmos a história da Terra a um percurso de 1 km, a vida dos mamíferos representaria apenas os últimos metros e a dos canídeos os últimos centímetros!


Os canídeos são mamíferos caracterizados por dentes caninos pontiagudos, dentição adaptada a um regime omnívoro e um esqueleto dimensionado para a locomoção digitígrada.


Pertencem à ordem dos carnívoros cujo desenvolvimento data do início da era terciária, nos nichos ecológicos abandonados pelos grandes répteis, extintos no final da era secundária.


A sua evolução e diversificação teve início, nessa época, no continente norte-americano, com o aparecimento de uma família de carnívoros semelhantes à doninha actual - os miacídeos – que proliferaram nesse continente há 40 milhões de anos, compreendendo na altura 42 géneros diferentes, enquanto que hoje apenas se subdivide em 16. A família dos canídeos actuais comporta 3 sub-famílias: os cuonídeos (licaon), os otocinonídeos (otocion da África do Sul) e os canídeos (cão, lobo, raposa, chacal, coiote).

Evolução dos Canídeos

Os canídeos substituíram progressivamente os miacídeos com o aparecimento do género hesperocion, muito difundido há cerca de 35 milhões de anos. Os crânios e dígitos apresentavam já analogias osteológicas e dentárias com os do lobo, cães e raposas actuais, podendo assim estar na origem dessas linhagens.


No Mioceno surge o gênero flaocion, possivelmente semelhante ao rato de água, mas, sobretudo, do género Mesocion, cuja fórmula dentária era comparável à do cão actual.


O perfil dos canídeos evoluiu então progressivamente com os gêneros Cinodesmos (semelhante ao coiote), seguidamente Tomarctus e Leptocion, aproximando-se cada vez mais do lobo actual ou mesmo do cão tipo Spitz, graças à diminuição ou posição enrolada da cauda, alongamento dos membros e extremidades – nomeadamente através da redução do dedo polegar – facto que traduz uma adaptação à corrida.

Aparecimento do gênero Canis

Os canídeos do gênero Canis surgem apenas no final da era terciária, entrando na Europa durante o Eoceno superior através do Estreito de Behring da época, mas parecem ter desaparecido no Oligocênico inferior sendo substituídos pelos Ursídeos. Regressam durante o Mioceno superior por via da imigração, procedente sempre da América do Norte, de Canis lepophagus, bastante semelhante ao cão atual, muito embora o seu tamanho estivesse mais próximo ao do coiote.


Esses canídeos dirigem-se progressivamente para a Ásia e África, durante o Plioceno. Paradoxalmente, parecem ter chegado à América do Sul apenas muito mais tarde, durante o Pleistoceno inferior. Por fim, é indiscutivelmente o homem que está na origem da sua introdução no continente australiano, há cerca de 500 000 anos, durante o Pleistoceno superior. Mas não existem provas que estejam, também, na origem dos dingos, os cães selvagens que povoam actualmente esse continente e que foram importados pelo homem, apenas há 15 000 ou 20 000 anos.

O antepassado do lobo, do chacal e do coiote

Apesar do seu tamanho reduzido, considera-se atualmente o Canis etruscus - o cão etrusco – aproximadamente com 1 a 2 milhões de anos, como o antepassado do lobo na Europa, enquanto que o Canis cypio que povoava os Pirineus há 8 milhões de anos atrás, parece ter estado na origem do chacal e do coiote atuais.

A importância dos locais arqueológicos da Europa e da China

Distinguem-se diversos tipos de cães em função dos locais arqueológicos da Europa: os maiores seriam resultantes dos grandes lobos do Norte (possuíam o tamanho até ao garrote dos Dogues alemães atuais) que teriam dado origem aos cães nórdicos e aos cães pastores de maior porte. Os menores, mais próximos do ponto de vista morfológico dos atuais dingos selvagens, descenderiam de lobos de menores dimensões da Índia ou do Médio Oriente.

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